domingo, 17 de agosto de 2008

Nostalgias

Fui ao Parque de Santa Marta, na Ericeira, e à aldeia em miniatura do José Franco, no Sobreiro. Lembro-me de lá ir há 15 anos, antes até. Lembro-me de memórias que só agora vejo que são memórias porque até pensar nisso eram coisas que estavam presentes, não coisas que tinham acontecido há mais de dez anos. Os dois sítios estão bonitos, cuidados, e há um certo orgulho em querer voltar e poder voltar porque aquilo ainda existe e ainda existe vivo e não está cheio de teias de aranha e a cheirar a mofo. Mas ao mesmo tempo é esquisito: no Sobreiro ainda há pão com chouriço, eu é que já não o como (porque deixei de comer carne há anos); em Santa Marta há internet sem fios mas já não há matraquilhos, e eu já não caibo nos baloiços novos que lá fizeram. O parque continua aberto, foi remodelado; o Sobreiro continua com as suas miniaturas e com os seus moinhos, mas eu já não sou a mesma que ia a um lado e a outro.
Por isso pergunto: os sítios estão no mesmo sítio, mas eu onde é que estou? Porque é que não é tão fácil chegar a 15 anos atrás como é fácil chegar a um sítio e a outro? Ou então, como é que se transforma uma coordenada geográfica (chegando à Ericeira, virar para o centro e estacionar junto à igreja) numa coordenada temporal?

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