sexta-feira, 4 de novembro de 2011

As fotografias da Frida Kahlo



Se há figura do século XX pela qual tenho um absoluto fascínio, é a Frida Kahlo. Não me canso de ler sobre a sua história, não me canso de ver os quadros, e hoje abriu no Museu da Cidade uma exposição onde me vão apanhar caidinha na certa, com mais de 250 fotografias dela.
Ontem à noite, a pensar nisto, fui pegar no maravilhoso livro da Alexandra Lucas Coelho, Viva México, e reler a parte sobre a Casa Azul, onde Frida viveu, pintou e esteve presa a uma cama durante tantos anos. E por mais que leia, por mais filmes que façam, é sempre inacreditável o que esta mulher sofreu e como transformou isso em arte de uma forma tão hipnotizante.
Começou tudo logo na infância, Frida foi sempre diferente dos outros, para o bem e para o mal. Logo em pequena teve poliomelite e ficou com uma perna atrofiada. Com aquela crueldade típica das crianças, ganhou a alcunha de “Frida perna-de-pau”, até estar envolvida num mega acidente, aos 18 anos. Como conta a Alexandra Lucas Coelho no tal livro Viva México, tinha apanhado um autocarro para o centro da cidade quando um eléctrico o esmagou contra a parede. “Um corrimão de aço entrou pela anca de Frida e saiu pela vagina, partindo-lhe a coluna pelo caminho. E como tudo isto aconteceu no México, o seu corpo foi coberto por ouro em pó, porque o impacto apanhou um restaurador a caminho do trabalho.” Seguiram-se 35 operações à coluna, vários abortos, a impossibilidade de ter filhos, a amputação dos dedos do pé e depois da perna. Pelo meio, Frida nunca deixou de pintar, e pintou aquilo que sofria, presa a uma cama, “com a cabeça presa por faixas e cabos”.
Quando Frida morreu, o seu marido Diego Rivera guardou todos os seus objectos na casa de banho da Casa Azul (a casa onde viviam e que é hoje uma casa museu), e “deixou indicações para que não fosse aberta antes de passarem 15 anos sobre a sua morte”. Aqui, toda esta história ganha contornos ainda mais irreais, porque a responsável pelo espólio nunca quis abrir a tal casa de banho e passaram-se 50 anos assim. Só em Abril de 2004 é que os novos responsáveis pelo espólio decidiram lá entrar. Encontraram próteses, roupas – há um livro que deve ser maravilhoso só sobre o roupeiro de Frida Kahlo – e mais de seis mil fotografias que a pintora foi tirando ao longo da vida.
São precisamente 257 dessas imagens que estão a partir de hoje em Lisboa. É a primeira vez que saem do México. E eu estou tão mas tão caidinha em frente a elas já este fim-de-semana. Ai se estou. 




8 comentários:

S* disse...

Desconhecia essa história de ter sido esmagada no autocarro... que coisa macabro... admirável, de facto!

Tamborim Zim disse...

Obrigada pela dica! Admirável a Frida tão ferida, tão ferida...

O Ramalhete disse...

uma vida de desespero e dor por causa do corpo.

ana disse...

Até quando está essa exposição no museu da cidade?

Fui há cerca de um ano ver uma exposição dos quadros dela no CCB e adorei, claro. Quando vi o filme fiquei completamente fascinada pela Frida.

http://digamquevoei.blogspot.com/

juliette disse...

Está até ao final de Janeiro, ainda há muito tempo para a ir ver. :)

Carlota disse...

Que curioso, tinha mesmo acabado de ver o filme que fizeram sobre ela quando tropecei neste blog, neste post!

Também me apaixonei completamente. É uma pena não poder ir à exposição. Mas aproveita por todos nós!

Reflexos disse...

Estou a planear uma viagem a Lisboa só para ir ver a exposição. Só um grande e grave acontecimento me vão impedir de ver a exposição.

Clara disse...

vi e exposição e não gostei nadinha, achei as fotos muito fraquinhas e mal documentadas, muitas nem a data tinham.